segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Portugal | RIO, DE TRISTEZA, PARA NÃO CHORAR…


Chegou às 9 horas, o Curto que vem a seguir. Martim Silva serve a cafeína. Rui Rio não falta. É outro cavalo errado na social-democracia. O PSD é tudo menos social-democrata, Rio muito menos. Essa é uma máscara que têm usado e que não tem nada que ver com alguns realmente sociais-democratas, um: Olof Palm. Não sabem quem é? Pois então vão à Wikipédia. Rio é um trambolho que só vai querer fazer o seguimento de Passos com outra cara e jogos de magia assente em “papões”. Não nos iludemos. Ele faz parte de outro filme, que já vimos e que não gostámos. Até o deitámos fora. Rui disse no discurso de ontem, encerrando o 37º congresso do PSD, que “depois falamos quando eu assentar ideias”. Que raio de líder é aquele? 

Falou sobre descentralização. Falou? Sim. Referiu que o Tribunal Constitucional podia estar instalado em Coimbra, por exemplo. Mas que raio de descentralização é essa? Não disse que no interior do país deviam ser instaladas boas empresas, que pagassem bem, e que assim as pessoas de lá se fixassem e que ainda atraíssem outras de outras regiões do país… 

Reforma da Segurança Social? O quê? Baixar reformas já miseráveis? O costume, lixar o mexilhão e oferecer a meia-dúzia lucros e mais valias. Um amigão... dos exploradores habituais.

Ínfimos, são  o que são estes políticos que se armam em “salvadores”. E valem só neste país de “sim senhores” que esperam sempre “salvadores” em vez de perceberem que a salvação está em nós, os povos, os que produzem de facto e trabalham no duro uma vida inteira a serem explorados pelos que compraram estes Rios, aqueles Passos e muitos outros.

Rio, de tristeza, para não chorar…

Bem, mas fiquem com Martim Silva e o Expresso do tio Balsemão, que também lá estava no congresso do PSD a abençoar Rio e os seus muchachos. Carago, são imensos, talvez mais do que antes do 25 de Abril de 1974. Livra!

O Curto, do Expresso. Boa semana.

MM | PG

Bom dia este é o seu Expresso Curto

Rio: o melhor de sempre para títulos com trocadilhos (o que não quer dizer que vá ser um bom líder do PSD)

Martim Silva | Expresso | opinião

Bom dia,

Começamos a semana com Rui Rio já formalmente como líder do PSD.

O Congresso foi mau? Não, mas também não foi bom
A votação de Rio foi má? Não, mas também não foi boa
A união foi conseguida? Sim, mas só em parte
Os discursos de Rio foram bons? Tiveram partes boas mas não empolgaram

Primeira nota: basta ler os jornais (sim, aqui continuamos a ler jornais e a ver televisões) ou consultar os sites para perceber que Portugal talvez nunca tenha tido um líder partidário com um nome tão dado a títulos com trocadilhos, graçolas, figuras de estilo coloridas: Rio cheio, Rio Vazio, Rio Agitado, Rio Bravo, Rio Seco, Rio desagua, Rio Inunda, Santana atira-se ao Rio, Rio de Águas Turvas.

Chega?

Agora a sério: O maior partido da oposição, o partido que ficou à frente nas últimas legislativas mas perdeu o poder, já tem novo líder. Mas ainda não sabemos bem se isso quer dizer que tem novo ritmo, novo rumo, novo fôlego e novas propostas. Do que Rio já desvendou, nomeadamente com o discurso final de ontem, podemos esperar uma maior aposta em áreas sociais, como a saúde e a educação, e a disponibilidade para acordos com os socialistas em áreas estruturais como a demografia, a segurança social ou a descentralização.

O regresso à social-democracia. Eis algo que tem tanto de importante como de pouco empolgante.

Ao longo dos três dias, segui de perto tudo o que se foi passando no Congresso.

Se tivermos de resumir o encontro em três nomes, não é muito difícil: Rui Rio, o novo presidente. Luís Montenegro, o novo rosto da oposição. Elina Fraga, a nova vice-presidente e ex-bastonária dos advogados ao estilo Marinho que antes de tomar posse já era ultra-polémica e que ao subir ao palco para ocupar o seu lugar ouviu assobios (eis o que se chama um foco potencial de problemas para a nova direção do partido). Aliás, ontem mesmo Marques Mendes, no seu comentário habitual na SIC, foi muito crítico da escolha da antiga bastonária.

Este domingo, pela hora do almoço (um almoço tardio, vá) terminou em Lisboa o conclave laranja, com a habitual intervenção de Rui Rio, sem teleponto e com discurso escrito. Hoje mesmo, ao contrário do que era hábito, não há folga na São Caetano à Lapa e é dia de trabalho habitual, decretou o novo líder. Que vai já a Belém apresentar a Marcelo o seu conjunto de ideias e propostas de reformas. Esta será seguramente uma das imagens de hoje.

O discurso final de Rio é o que fica para os próximos tempos. O road map para aquilo que o novo líder do PSD quer fazer. O Filipe Santos Costa ouviu atentamente a intervenção e disseca aquiquais os pontos essenciais de um discurso carregado de sublinhados fortes nas questões sociais e na aposta classe média.

AHelena Pereira deixa sete notas que ficam deste novo PSD depois do Congresso. E aqui pode perceber melhor quem foram as principais figuras do fim de semana laranja. Na opinião, o Henrique Monteiro também aponta quem mais se destacou, em "O Bom, a má e os outros". Ainda na opinião, o Daniel Oliveiraescreve sobre os "Rios não confluentes". E no Público, o David Dinis explica "Como encher um Rio vazio".

"Guião de uma Direita Infeliz" é precisamente o título da primeira crónica de Francisco Louçã para o Expresso, publicada este sábado.

FRASES (Especial PSD)

"Os objetivos de natureza social são a meta que nos tem de orientar", Rui Rio, no discurso de encerramento

"É um erro e uma imprudência", Marques Mendes, sobre a escolha de Elina Fraga

"É no plano da reforma interna do PSD que Rio prepara que mais facilmente o gelo fino da frágil unidade partidária pode quebrar", São José Almeida, Público

"Que Rui Rio não é muito popular dentro do PSD, o congresso deste fim de semana não deixou margem para dúvidas. Agora só tem de fazer o mais difícil: provar que é mais popular no país", Anselmo Crespo, DN.

(deixemos o Rio e passemos ao mar de outras notícias desta segunda-feira)

OUTRAS NOTÍCIAS

Cá dentro,
A Universidade de Lisboa vai conceder hoje o grau de doutor honoris causa a António Guterres, que em 1971 concluiu o seu curso no Instituto Superior Técnico com a incrível média de 19 valores. A notícia pode ser hoje lida no DN.

Turismo bate recordes mas o salário médio só subiu 41 euros. A remuneração média no alojamento e na restauração não excede os 632 euros, mais 41 do que há quatro anos.

Na Blitz pode ler tudo sobre o Festival da Canção 2018 (é verdade, já andamos em busca de um sucessor para o magnífico Salvador Sobral): a primeira semi-final, os vencedores e o resumo da noite de ontem.

As televisões decidiram ontem não transmitir em direto a conferência de imprensa de Jorge Jesus de antevisão do jogo da Liga do Sporting, esta noite. Alegaram razões de segurança, depois do apelo ao boicote aos media (entre outras diatribes) feito na véspera por Bruno de Carvalho.

Daniel Oliveira, colunista do Expresso e comentador da SIC Notícias, já fez saber que não volta a apoiar Bruno de Carvalho.

Ontem, os comentadores televisivos que são do Sporting apareceram, todos, em todos os programas de comentário de bola, em todas as televisões. Caiu em saco roto, pelo menos para já, o apelo do presidente do Sporting. Que conseguiu o feito de transformar programas televisivos repetitivos, sem interesse nenhum e de nível altamente duvidoso em bandeiras nacionais da liberdade de expressão e informação (passámos do 'Todos à Fonte Luminosa' para o 'Todos a Ver os Donos da Bola'). Brilhante.

Na Liga, o FC Porto despachou o Rio Ave com os mesmos números com que tinha sido despachado há uns dias pelo Liverpool. Na véspera tinha sido o Benfica a vencerfolgadamente.

Lá fora,
Esta é provavelmente a mais importante história de internacional dos últimos dias. Na sexta-feira, Robert Mueller, o homem que lidera a investigação à alegada interferência russa nas eleições americanas (e ao papel de Trump e dos seus nesse processo),indiciou mais de uma dezena de cidadãos russos, suspeitos de tentarem interferir nas presidenciais norte-americanas. De acordo com a investigação, Putin levou a cabo uma ciber-campanha para ajudar a eleger Trump e derrotar Hillary Clinton. A investigação ainda não chegou no entanto ao ponto de ligar Trump e os seus a esta intrusão. Trump, esse, passou o fim de semana a atacar a investigação judicial em curso... no Twitter, claro. Com alguma graça, o Washington Post afirma que o espião soviético do século XXI é um troll da net.

Em Munique, onde participava numa conferência internacional sobre segurança, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, mostrou o que alegou ser um destroço de um drone iraniano abatido pelas autoridades israelitas. E ameaçou partir para a guerra.

Prémios Bafta. O filme "Três cartazes à beira da estrada" foi o grande vencedor da cerimónia que decorreu na última noite.

Esta é provavelmente das histórias de ciência mais impressionantes que li nos últimos tempos! Um conjunto de cientistas conseguiu descobrir uma forma de desenvolver órgãos humanos em animais. É mesmo assim. A história vem contada no Financial Times, onde se explica que o objetivo a longo prazo é permitir acabar com a escassez de órgãos humanos para transplantes.

A independência do Kosovo faz agora dez anos e o Expresso está por lá em reportagem.

Morreu Giovane de Sena Brisotto.

O Papa Francisco faz um retiro espiritual com Tolentino de Mendonça.

Quem era fã do Sexo e a Cidade? Eu era. Agora, um livro revela como as quatro protagonistas estavam longe de ser as melhores amigas fora do plateau...

Está aí a Temporada VII de Homeland (Segurança Nacional), com a agente Carrie Mathison.

Vale muito a pena ler este trabalho que publicámos no Expresso sobre como a Europa caminha para uma espécie de "suicídio demográfico". Se quiser ler sobre aquele que é provavelmente o mais grave problema com que Portugal se confronta a prazo, então leia este texto.

(e como se viu pela intervenção de Rui Rio ontem no Congresso do PSD, a demografia é um tema cada vez mais central na vida política)

O QUE ANDO A LER

Há uma semana, no Expresso, a Luciana Leiderfarb fazia publicar "Humor e Morte", um texto sobre o novo livro de David Grossman. "Uma comédia de stand up transforma-se num violento exercício de memória sobre o efeito, em nós, do inferno dos outros. Grossman regressa com um tour de force impressionante". Nesse mesmo dia, fui comprá-lo. E li-o durante o Carnaval.

Dei por muito bem empregue o meu tempo. Um romance todo ele à volta de uma atuação de um cómico de stand up que, ao longo de uma noite, desfia uma os dramas e fantasmas de uma vida. O livro chama-se "Um Cavalo Entra Num Bar", é editado pela D. Quixote e foi Man Booker International de 2017. Da fronteira entre humor e drama, risos e lágrimas, alegria e tristeza. Uma excelente leitura.

Há uma semana, o Expresso publicava um longo ensaio biográfico sobre Vasco Pulido Valente, da autoria do Henrique Raposo. Um excelente texto sobre um dos mais ácidos e acutilantes cronistas do Portugal das últimas décadas.

Por hoje fico por aqui. Com uma sugestão. Leia. Leia muito. Leia jornais. Leia revistas. Leia o mais que puder. Desconfie sempre de quem lhe pede o contrário.

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