Perguntarão
os portugueses habituados a verem o PCP na rua em iniciativas próprias; nas
empresas ao lado dos trabalhadores em luta; pelo SNS exigindo o respeito pela
Constituição nesta (e noutras) área(s); por melhores condições nos hospitais ou
centro de saúde públicos; na luta pelo Ensino gratuito, universal e de
qualidade; contra o encerramento de tribunais; pela construção da estrada; ao
lado dos pescadores e dos pequenos agricultores, etc.,etc.,etc., porque diacho
nas televisões e imprensa escrita nacionais, o PCP evapora-se, leva sumiço,
escafede-se? É um apagão geral!
Com
a grande probabilidade do PSD e o CDS levarem uma grande “abada” na próximas
eleições ficando o primeiro longe de ser laranja e encolher até tangerina e o
segundo deixar de ser lembrado como o partido do táxi para passar a lambreta,
ainda assim de PCP, népia.
As
propostas de “uma década para Portugal” tão negra como as duas décadas
passadas, variando das propostas do governo apenas “no ritmo e intensidade da
mesma política” (1), não seriam razões mais que suficientes para os “Charlies”
deste país “fazerem referência à consigna que dá nome ao programa do PCP – Os
Valores de Abril no Futuro de Portugal” (2), este sim, um programa alternativo,
mesmo? Nã senhor!
O
PS encomendou as suas propostas a um grupo de técnicos, quiçá sábios, cujo
conteúdo é mais do mesmo e a sempre livre e democrática comunicação social mais
os comentadores amestrados, fizeram soar as trombetas anunciando as boas novas.
O PSD e O CDS dão um calorzinho naquele prato requentado que nos deu volta à
tripa e à vida, sendo que o coordenador do “programa” do PSD é o tipo, perdão,
doutor que dá pelo nome de Rogério Gomes que, ao que dizem, “fez contratos
públicos a associações a que está ou esteve ligado” , e disso farão alarde os
defensores da «liberdade editorial e informativa».
Em
2007 o programa da RTP “Prós e Contras” que muitas vezes deveria designar-se
por “Prós e Prós”, sobre o rescaldo das eleições francesas e às definições de
esquerda e direita, convidou para o debate Mário Soares (PS), Miguel Portas
(BE), Adriano Moreira (CDS) e Paulo Rangel (PSD). Cadê o PCP? Questionada a
moderadora do projecto, doutora Qualquer Coisa Ferreira, reagiu empertigada,
dizendo que "o programa não pretende fazer o arco partidário" e que
“existem outros espaços para a representação partidária na RTP mas que esse não
é o pressuposto do "Prós e contras" (4). Onde? A que horas? Má que
jête? Em 2009, sobre o tema "Prioridades da Governação", uma vez mais
o PCP se viu excluído daquele programa (5), tendo inclusive apresentado queixa
na Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). E mais recentemente, a
CDU protestou contra a exclusão do mesmo programa (6).
Em
25 de Abril a Revolução dos Cravos comemorou 41 benditos anos. Destaques do
dia: o discurso do excelentíssimo senhor professor Aníbal António Cavaco Silva;
o anúncio da coligação PSD/CDS-PP às legislativas; o desfile popular na Avenida
da Liberdade.
Sobre
os primeiros, estamos conversados, ou seja, a coisa repetiu-se por mais uns
dias não fossem os portugueses esquecer um e outro acto da mais alta política;
sobre o desfile, a RTP canal público de televisão no seu noticiário das 20
horas a “rasura da presença do PCP no desfile foi total. Houve espaço de imagem
para quase todos: dentro ou fora da zona da comissão promotora lá couberam
dirigentes do PS e do BE, candidatos presidenciais. Só o PCP, mesmo com imagens
recolhidas e depoimento gravado, foi apagado!” (7)
Para
quem não pode assistir aos debates parlamentares em directo através do canal AR
TV e aguarda pelos noticiários televisivos fica com a ideia errada, erradíssima
que o PCP só intervém para «mandar umas bocas» ou, como publica o «Avante!», “o
PCP só entra no campeonato dos soundbites” (8), ficando para as calendas as
propostas e as denúncias dos comunistas.
Por
esse País fora e quase diariamente, o PCP leva a efeito diversas iniciativas de
âmbito local e regional, e é claro para todos que não se pede o impossível, ou
seja, que todas elas fossem mencionadas nos grandes jornais nacionais e nas
televisões. Mas que dizer sobre os grandes eventos nacionais? Se o Costa
espirra, lá estão todos; se o Portas deixa voar o capachinho, lá estão todos;
se o Passos saltita como um coelho, lá estão todos; quando o PCP discute com as
mais diversas entidades e/ou organizações (Ordem dos Advogados, PEV, CNA, ID,
CGTP, Associação Sindical dos Juízes, etc.), nada, rien! Sobre o Encontro
Nacional «Não ao declínio nacional. Soluções para o País» a 28 de Fevereiro em
Loures, onde estiveram presente para cima de 2500 participantes, ZERO! Mas há
mais, muito mais, e aqui fica uma pequena amostra do que tem sido feito:
sectores estratégicos e nacionalizações; a dívida, o euro e a crise: causas e
saídas para um Portugal com futuro; valorizar o trabalho e os trabalhadores;
etc.
Nesta
quinta-feira (14) decorreu a audição sobre políticas migratórias e anuncia
iniciativas; no próximo dia 16 será a audição «Defender o SNS, garantir o
acesso à saúde», em Lisboa; também nesse dia mas em Faro a audição/debate
«Defender os serviços públicos e as funções sociais do Estado»; no dia 18 em
Lisboa está agendada a audição «Democratizar a Cultura, valorizar os seus
trabalhadores», e claro já sem falar da grande Marcha Nacional – A Força do
Povo que ocorrerá no próximo dia 6 de Junho, conforme anunciado no Encontro do
passado dia 28 de Fevereiro em
Loures. Já estamos à espera que o grande destaque desse dia
para a comunicação social “livre e democrática” vá para o anúncio do programa
eleitoral do PS, contributo magnífico para que tudo continue igual.
Todo
o trabalho desenvolvido junto das populações, dos trabalhadores, dos jovens,
das mulheres, dos reformados e pensionistas, dos micro, pequenos e médios
comerciantes e industriais, é um contributo precioso para a elaboração de um
programa eleitoral. Também estas audições servem para a construção desse
programa. Mas o «fechado» e «antidemocrático» PCP ainda abre, para quem quiser,
a possibilidade de participar na feitura desse programa através do sítio da
internet: http://www.cdu.pt/legislativas2015/.
Posto
isto que aqui está descrito e sendo apenas uma pequena amostra, como é que os
papagaios de serviço têm a distinta lata e muita falta de vergonha de dizer que
o PCP não apresenta propostas e é um partido que não quer assumir
responsabilidades governativas fechando-se em si mesmo? Esta comunicação social
ajuda a determinar os resultados eleitorais, a restringir o conhecimento sobre
a crise real e as soluções alternativas que se apresentam ao País.
E
mesmo para acabar que a prosa já vai longa, leiam só mais este excerto do
jornal «Avante!» e vejam por vós, como a coisa funciona. “Curiosamente,
assistimos a um conjunto de coincidências interessantes. Na noite de dia 6,
Francisco Pinto Balsemão, fundador e ex-presidente do PSD, intervinha no
aniversário do seu partido, onde enviava recados ao primeiro-ministro. No dia
seguinte, o mesmo Pinto Balsemão – mas desta vez presidente da empresa que
detém a SIC, o Expresso e a Visão – falava em nome da Plataforma dos Media
Privados à saída de um encontro com o PSD e o CDS em que exigia «que nos deixem
abordar as campanhas eleitorais como entendermos». Mais dois dias corridos e
enviava as suas propostas para o programa eleitoral do PSD a Passos Coelho.
Pelo meio, o bloco central ficou completo com Luís Nazaré, director-executivo
da tal plataforma, militante e eleito pelas listas do PS a uma freguesia de
Lisboa, a falar no final de um encontro similar com o seu partido. Fica
evidente a quem serve a discricionariedade de quem manda nos órgãos de
comunicação social.” (9).
Perante
tal cenário não é de admirar que muitos milhares de pessoas continuem ainda
“formatadas” pelos partidos de direita e por esta comunicação social. Como
fazer chegar a esses as propostas, lutas e iniciativas do PCP diante de tamanha
desigualdade de tratamento? Desculpem os estimados leitores mas, como dizem os
brasileiros, é foda!
Notas
(1)
– João Oliveira, «Avante!», de 14/05/2015
(2)
- «Avante!», de 30/04/2015
(3)
– Diário de Notícias, de 10/04/2015
(4)
– Jornal de Notícias, de 08/05/2007
(5)
- Diário de Notícias, de 10/11/2099
(6)
- CDU – Coligação Democrática Unitária / Cidade do Porto, 10/02/2014
(7)
- «Avante!», de 30/04/2015
(8)
- «Avante!», de 14/05/2015
(9)
- «Avante!», de 14/05/2015
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