Pessoas submetidas
à prostituição, trabalho forçado, mendicância, retirada de órgãos: relatório
constata que países da UE não estão conseguindo manter criminalidade organizada
sob controle.
O primeiro
relatório sobre tráfico humano encomendado pela União Europeia apresentou
"tendências alarmantes", conforme revelou a comissária europeia para
Assuntos Internos, Cecilia Malmström, à edição deste domingo (14/04) do jornal Die
Welt.
O estudo será
apresentado oficialmente na segunda-feira em Bruxelas. Dele
consta que o número oficial de vítimas dos traficantes cresceu 18% entre 2008 e
2010, passando de 6.309 para 9.528. Destas, 68% são mulheres, 17% homens, 12%
meninas e 3% meninos.
Mais de dois terços
foram usados na prostituição, os demais explorados como mão-de-obra, forçados a
mendigar e a cometer atos criminosos, ou mesmo tiveram seus órgãos retirados. A
maior parte dos traficados (61%) veio de países da UE, sobretudo da Romênia e
da Bulgária, seguidos pela África e América do Sul.
Mais próximo do que
se pensa
Ao que tudo indica,
os Estados-membros da UE não estão conseguindo manter sob controle o problema
da criminalidade organizada, prossegue o relatório. Em contraposição ao
crescente número de vítimas, cada vez menos traficantes são condenados. O
volume de condenações caiu de 1.534 para 1.339 (-13%), no período examinado. Na
Alemanha, a queda no total de condenações chegou a 15%, de 155 para 131.
A comissária
Malmström declarou-se "muito decepcionada" pelo fato de "apenas
poucos países haverem implementado a diretriz da UE contra o tráfico de
pessoas". Essa crítica também se dirige à Alemanha, que até agora não
traduziu em leis nacionais as prescrições de Bruxelas.
O motivo é a falta
de consenso entre os partidos da coalizão do governo (democrata-cristãos e
liberais) quanto a uma legislação penal mais rigorosa. No total, apenas cinco
dos 27 países-membros aplicaram integralmente a diretiva europeia.
"É difícil de
imaginar que, em nossos livres e democráticos países da União Europeia, dezenas
de milhares de pessoas tenham sua liberdade roubada, que sejam negociadas como
mercadorias", criticou Cecilia Malmström ao jornal alemão. "Mas essa
é a triste verdade: o tráfico humano está por toda parte, à nossa volta, e mais
perto do que pensamos."
AV/afp/dpa/epd
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